terça-feira, 5 de outubro de 2010

FIAR com Barbas

Parece que se criou para ai a ideia de que fazendo uns teatrinhos de vez em quando, pontualmente ao longo do ano, se reabilita um centro histórico. E é ver o rol de candidaturas aos fundos do QREN (dinheiro pago dos nossos impostos) para ver um numero imenso de actividades ditas culturais, da cultura agendada por uns técnico da autarquia, das quais a única coisa que é permanente é o seu salário.
Já era tempo de perceberem que um centro histórico é um pedaço de uma cidade ou de uma aldeia.
É acima de tudo um sitio onde as pessoas têm de querer morar, viver, fazer vida lá.
Têm de ter condições para uma pessoa que não vive no século passado viver lá todo o ano, com ou sem festarolas.
Não me parece que seja proibindo todas as alterações de fachada ou mesmo o seu derrube quando esta muito dificilmente pode ser recuperada (porque isso implica um custo excessivo), que se consegue "proteger" e manter um centro histórico. O que este tipo de "protecção" foi pródigo em criar foi centros urbanos em ruínas, abandonados ou repletos de idosos e a caminhar para o abandono.
Demasiado focados em preservar o edificado perderam a vida social que se reproduzia nesse local há muitos anos (para não dizer milhares de anos). Por outras palavras para preservar paredes velhas destruíram a reprodução da sociedade que ai vivia, das suas formas de vida, da sua cultura. Depois fala-se de enraizar novas populações, é sempre bonito.
Tornaram impossível para as novas gerações a aquisição e reconstrução desses locais, porque é natural que haja uma reapropriação do espaço e adaptação a novas formas de vida. Nesse processo os unicos a lucrar foram os construtores, que quando fazem obra num centro histórico o fazem a preços abusivos e por isso mesmo sempre vão vendendo umas casinhas novas na periferia, coisa que não aconteceria se os herdeiros dessas casas por ali ficassem.
Vamos ao básico, impedem alterações de fachada fazer uma porta de garagem nem pensar, mesmo quando antes o espaço até tinha carroças e portas largas, estacionamento não existe, muitas casas não têm espaço para ter uma casa de banho e têm paredes de mais de um metro de largura.
Muitas são buracos húmidos e escuros, não tem construção anti-sísmica e ninguém analisou a sua estrutura para assegurar a sua segurança segundo os padrões actuais.
Vai-se para ai caiando paredes de aldeias no interior que enchem ao fim de semana, e chegadas as 21h se vêm vazias de gente. Coisas de país rico que arranja edifícios para não terem lá ninguém, só mesmo para Inglês ver numa passagem das suas férias.

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